terça-feira, 4 de setembro de 2018

A identificação

Essa postagem traz um resumo do conceito de “Identificação” presente no livro de Sigmund Freud “Psicologias das Massas e Análise do Eu”. O trabalho foi realizado no terceiro semestre na disciplina Psicanálise II. Texto foi escrito por Alessandra Ferreira, Jhéssica Karine Pereira e Ariane Vieira da Silva.


A IDENTIFICAÇÃO

Freud (1921) mostra que essas ligações permanecem por um tempo sem entrar em conflito, mas conforme o desenvolvimento psíquico se dá, há uma unificação psíquica, na qual o menino perceberá que seu pai bloqueia o caminho de acesso à sua mãe, impedindo-o de possuí-la, sua identificação com o pai se torna hostil e o menino passa a querer substituir seu pai para chegar até a sua mãe. A ambivalência na identificação é, portanto, a possibilidade dela se expressar em forma de ternura ou hostilidade.
Freud (1921) explica que conforme se dá o complexo de Édipo, pode ocorrer uma inversão, na qual o menino toma atitudes femininas em relação ao seu pai, o menino deposita em seu pai seus impulsos sexuais diretos, que buscam por sua vez satisfação. Nesse caso, a identificação com seu pai possibilitou a ligação objetal com ele. Primeiramente diferencia-se que quando havia apenas uma identificação, o menino queria ser como seu pai e, a partir do momento que surgiu o objeto do eu (o pai), o menino passou a querer ter o seu pai. A identificação é possível antes de qualquer escolha sexual de objeto, dando ao eu uma forma semelhante à do outro eu adotado como modelo.
Na formação neurótica de sintoma, Freud (1921) cita como exemplo uma menina, que adquire o mesmo sintoma que sua mãe, por exemplo, a mesma tosse. Neste caso, a identificação ocorre primeiramente como a mesma do complexo de Édipo, significando uma vontade hostil de substituir a mãe, expressando amor objetal ao pai (nesse caso ocorreria a adoção do sintoma devido à consciência de culpa da menina, na qual em consequência de querer ser a mãe isso acarretaria em também carregar o seu sofrimento junto). Freud diz que o sintoma pode ser também o mesmo que o da pessoa amada, ele cita como exemplo uma menina que imita a tosse do pai, ou seja, a identificação tomou o lugar da escolha de objeto e, mais tardiamente, a escolha de objeto regrediu à identificação, o eu então, toma para si as qualidades do objeto, porém nestes casos, a identificação é limitada, pois é tomada apenas uma característica do sujeito. Assim, a identificação está sujeita ao recalcamento, o que pode desencadear os sintomas.
Freud (1921) cita uma terceira forma frequente de formação de sintoma, na qual a identificação desconsidera a relação objetal com a pessoa imitada, na qual o mecanismo é o da identificação baseada no fato de poder ou querer se colocar na mesma situação de outra pessoa. Um exemplo pode ser um grupo de amigas que contraem o ataque histérico de outra amiga, por meio de uma infecção psíquica. Seria incorreto afirmar que elas se apropriaram do sintoma por simpatia, pois a simpatia só surgiria a partir da identificação, uma vez que existem casos nos quais as pessoas envolvidas não se conhecem. 
O que Freud (1921) explica é que, nesse caso, um dos eus percebeu no outro uma semelhança, por isso se forma uma identificação e, decorrente desse evento, essa identificação se desloca para o sintoma que um dos eus produziu, por meio desse sintoma, a identificação se torna uma coincidência entre os dois eus que deve ser mantido recalcado. A identificação pode surgir então, sempre que se perceber características em comum entre os eus. 
Freud (1921) diz que a ligação entre os indivíduos de uma massa surge de umas dessas identificações produzidas devido uma característica afetiva em comum, essa característica, se encontra no tipo de ligação com o líder. 
Existem alguns casos que Freud (1921) define como não acessíveis à nossa compreensão, ele cita dois casos como exemplos: no primeiro, o jovem se manteve fixado à mãe em seu complexo de Édipo durante um tempo e com grande intensidade. Mas depois de chegar a puberdade, o jovem (que até então tinha sua mãe como objeto sexual) não deixa a deixa e acaba se identificando com ela, se transforma então em sua mãe e passa a buscar objetos respectivos ao interesse dela, cuidando e amando esses objetos como sua mãe os amou. Nesse processo o objeto foi abandonado, produzindo-se então um substituto dele, há então uma introjeção desse objeto no eu.
Freud (1921) cita outro exemplo de introjeção do objeto, através da análise da melancolia, na qual há a perda real ou afetiva do objeto amado. A principal característica dos casos de melancolia, pode ser definida como uma cruel depreciação do eu em conexão com a impiedosa autocrítica e as severas autocensuras. Essa avaliação e censura se referem ao objeto, apesar de serem dirigidas ao eu. Nas melancolias, o eu se divide em duas partes que se opõem, numa delas foi introjetado o objeto perdido, nela se incluiu a consciência moral e a crítica cruel ao eu. A instância que se desenvolve no eu, pode separar-se do próprio eu e entrar em conflito com ele. Esse ideal do Eu terá as funções de auto-observação, consciência moral, censura onírica e recalcamento.

REFERÊNCIA

FREUD, Sigmund. Psicologia das massas e análise do Eu. In ______. Obras completas (P. C. de Souza, trad., vol. 15). São Paulo: Companhia das Letras, 2011. (Trabalho original publicado em 1921).

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COMO CITAR ESSA POSTAGEM

FERREIRA, A. C. C.; PEREIRA, J. K.; SILVA, A. V. A identificação. Curitiba, 04 set 2018. Disponível em: <https://psiqueempalavras.blogspot.com/2018/09/a-identificacao.html>

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