quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

As fases do processo de aconselhamento

Essa postagem, ainda baseada no capítulo “O aconselhamento como processo” do livro “O processo de aconselhamento” dos autores Sheldon Eisenberg e Lewis E. Patterson, traz alguns apontamentos sobre as fases do processo de aconselhamento. Essa produção foi realizada na disciplina de Aconselhamento Psicológico, no 7º período do curso de Psicologia.




AS FASES DO PROCESSO DE ACONSELHAMENTO

O aconselhamento possui um processo, ou seja, um conjunto predizível e descritível de etapas progressivas que ocorrem numa sequência completa. O ponto inicial é definir a posição em que o cliente se encontra no momento em relação a sua vida; a conversa então toma um novo rumo que leva a uma compreensão mais profunda do que o cliente precisa e do que ele deseja mudar; e, por fim, é possível estabelecer um plano de ações que irão auxiliar nas mudanças desejadas. A quantidade de sessões para aplicação da sequência integral das fases irá variar dependendo sempre da demanda do cliente.  

  • Descoberta inicial


Se trata do início do trabalho, o conselheiro e o cliente ainda não se conhecem direito, então é preciso estabelecer o primeiro vínculo entre eles, o cliente ainda poderá estar um pouco ansioso por não saber como sua queixa será recebida. Nesta etapa, a demonstração de atenção da parte do conselheiro é um fator de suma importância, pois ele deve se mostrar interessado no que o outro está trazendo, fazendo isso por meio da forma como se porta diante do cliente. Também deve estar atento ao comportamento verbal e não-verbal do cliente, é o momento reservado para conhecer, a partir do sujeito, a forma como ele se percebe em sua realidade. Para encorajar a descoberta, o conselheiro deve estabelecer condi­ções que promovam confiança no cliente. 
Rogers descreveu essas condições como características da relação de ajuda que, caso se façam presentes na fase de descoberta inicial do aconselhamento, o cliente será encorajado a falar livremente e a discorrer sobre suas preocupações. São elas:
1. Empatia: compreender a experiência do outro como se fosse a própria,  sem jamais esquecer a condição “como se”.
2. Coerência ou autenticidade: ser como você parece, sempre coerente, digno de confiança no relacionamento. 
3. Consideração positiva: interessar-se por seu cliente. 
4. Incondicionalidade: não estabelecer condições para seu interesse, a fim de transmitir essas condições ao cliente, respondendo de maneira significativa ao que o cliente diz. 
5. Concreção: usar linguagem clara para descrever a situação de vida do cliente, separando declarações ambíguas e ajudando o cliente a encontrar descrições que retratam exatamente o que está acontecendo em sua vida. 

  • Exploração em profundidade 


Na segunda fase do aconselhamento, o cliente deverá adquirir uma compreensão mais clara de suas preocupações, começando a desenvolver um novo direcionamento, à medida em que os problemas vão ficando mais claros, a direção também fica. Nesta fase, os meios para que sejam alcançados os objetivos talvez ainda não se mostrem com clareza, mas os objetivos já possuem uma forma bem mais concreta. Esse processo se desenvolve a partir do processo inicial, mas nesse ponto, o relacionamento entre o conselheiro e o cliente está mais forte e o cliente deve se mostrar mais disposto a perseguir seu objetivo de mudança, ao perceber que o conselheiro possui empatia e compreensão pelo seu mundo. À medida que o relacionamento torna-se mais firme, o conselheiro pode também começar a confrontar o cliente com observações sobre seus objetivos e comportamentos. 
A confrontação construtiva proporciona ao cliente uma visão externa de seu comportamento, baseada nas observações do conselheiro. O conselheiro pode até mesmo compartilhar um pouco de sua própria experiência de vida, se isso tiver relevância direta para o cliente, pois tais revelações pessoais podem auxiliar no estabelecimento de identificação entre ambos, o que é imensamente positivo.  Essa segunda etapa do aconselhamento torna-se emocionalmente exaustiva, porque o cliente deve enfrentar repetidamente a inadequação do seu comportamento habitual e começar a abandonar o que lhe é familiar por aquilo que não é. 

  • Preparação para a ação 


Na terceira fase, o cliente deve decidir como realizar os objetivos que surgiram durante o processo, suas preocupações já foram definidas e estão claras para ele, dentro de seu contexto, ele já refletiu sobre seu comportamento e em como ele se relaciona com os objetivos a serem atingidos e o que lhe resta é decidir quais ações poderão ser realizadas para que suas preocupações possam diminuir. Se não houver nenhuma ação indicada, esta fase pode ter como foco fazer com que o cliente tenha consciência de que fez tudo o que estava ao seu alcance. Também podem ser identificados possíveis cursos alternativos de ações ou decisões, que o cliente poderá escolher e julgar em termos da probabilidade dos resultados. Em suma, essa fase é um momento de tomada de decisão e ação onde o cliente considera as ações possíveis e escolhe uma, para colocar à prova, e o conselheiro apóia a experimentação de novos comportamentos e ajuda a avaliar a eficácia deles.

  • Não-linearidade das fases 


Como em qualquer modelo consistido por fases, o processo de aconselhamento também possui fases que dependem da fase anterior, ou seja, não é possível que se estabeleçam novos objetivos, se a pessoa não tiver as suas preocupações claras. Também não é possível avaliar possibilidades de ação, se não houverem objetivos estabelecidos. No entanto, a linearidade dessas fases é apenas uma simplificação e é preciso compreender as limitações desse modelo. Nem sempre é preciso que o indivíduo tenha todas as suas preocupações esclarecidas para que possa pensar em objetivos e ações que sejam pertinentes a um aspecto de sua vida, é possível que se priorize assuntos que tenham uma maior emergência para serem acertados. As ações podem ser tomadas em relação aos objetivos já esclarecidos, mas é importante esperar para agir em relação ao que permanece indefinido.

REFERÊNCIA

PATTERSON, L. E.; EISENBERG, S. O aconselhamento como processo. In _______. O processo de aconselhamento. São Paulo: Martins Fontes; 2003. pp. 19-36

COMO REFERENCIAR ESTA POSTAGEM

FERREIRA, A. C. C.; PEREIRA, J. K. O processo de aconselhamento psicológico. Curitiba, 06 jan 2019. Disponível em: <https://psiqueempalavras.blogspot.com/2019/01/as-fases-do-processo-de-aconselhamento.html

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