segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Operacionalizando Culpa e Vergonha

Este trabalho foi realizado no 2º período da nossa graduação para a disciplina de Introdução à Análise do Comportamento. Saindo um pouco da Psicanálise e entrando na área do Comportamento, realizamos aqui alguns apontamentos a respeito dos termos “culpa” e “vergonha”. Nesse trabalho, assim como na postagem anterior, as referências do que foi lido para a realização do trabalho encontram-se no final do texto, mas algumas não estão devidamente mencionadas no corpo do trabalho, pois no segundo período ainda estávamos aprendendo e não sabíamos fazer referências direito (risos).


OPERACIONALIZANDO A CULPA E A VERGONHA

    A culpa e a vergonha não são comportamentos inatos, ou seja, não são biológicos, mas sim valores morais, que são agregados ao homem no convívio em sociedade dentro de sua cultura. Em um dicionário comum podemos ver que a definição de culpa é a consequência de ter se praticado algo indevido, um ato repreensível ou criminoso. Já a definição de vergonha consiste na insegurança na timidez e no acanhamento. 
    Segundo Cabral e Nick (1996), vergonha e culpa são emoções que fazem parte da vida e tem resultado direto na forma como lidamos com as situações. Culpa é a compreensão de que se violou um princípio ético ou moral, combinado com um sentimento de desclassificação pessoal resultante dessa violação. Já a vergonha, para Greenz e Smith (2005) seria um sentimento de sofrimento psíquico, que ocorre quando um indivíduo se dá conta de ter realizado uma ação que não condiz com os valores éticos e morais do contexto sócio-cultural em que está inserido. Percebe-se que este sentimento está diretamente relacionado à ética e à sensação de mal-estar que um indivíduo experimenta ao violar um padrão moral conhecido. Para estes autores, vergonha e culpa não são sinônimos, posto que, enquanto a culpa incluiria em si um sentido subjetivo, a vergonha possuiria características observáveis ao mundo externo.
     De acordo com Medeiros e Rocha (2004) apud De-Farias et al. (2010), comportamentos punidos podem gerar sentimentos de culpa e vergonha. Quando feita uma auto observação dos próprios comportamentos, isso pode gerar punidores condicionados, estes punidores são chamados popularmente de vergonha ou culpa. Um indivíduo ao lembrar-se de um ou mais comportamentos que foram punidos no passado pode apresentar, por exemplo, uma ruborização em suas faces, esta reação observável pode indicar o comportamento culpa ou vergonha, sem que necessariamente, este indivíduo esteja sendo punido em tal momento. A simples memória de um evento que ocasionou estes sentimentos pode gerar tal reação. De acordo com Guilhardi (2002), Skinner aponta que esse conceito é utilizado para descrever a falta de autoconhecimento que cada indivíduo tem acerca de si.
    Para a Análise do Comportamento, os indivíduos são tidos como produto e produtores das contingências as quais estão expostos dentre elas culpa e vergonha, a contingência é o efeito da resposta sobre a probabilidade dos estímulos. Para De-Farias et al. (2010), enquanto as contingências eliciadoras de tal comportamento ainda estiverem presentes na vida do indivíduo, este continuará apresentando os mesmos sentimentos em relação a determinados estímulos. Sendo o comportamento um fenômeno histórico, aos comportamentalistas radicais está reservada a tarefa de buscarem entender em quais condições tal evento ocorreu e não onde ou como ele foi armazenado pelo indivíduo.
    Em suma, esses dois sentimentos, culpa e vergonha, fazem parte da vida cotidiana de cada um e estão relacionados à maneira como cada indivíduo lida com diferentes situações. Eles se apresentam de forma negativa e se baseiam na avaliação que o indivíduo faz de si mesmo, estando presentes dentro das transgressões e fracassos de cada pessoa.

REFERÊNCIAS

CABRAL, A. & NICK, E. Dicionário técnico de psicologia. São Paulo: Cultrix, 1996.

DE-FARIAS, A. K. Análise comportamental clínica: aspectos teóricos e estudos de caso. Porto Alegre: Artmed, 2010.

GRENZ, S. J. & SMITH, J. T. Dicionário de ética: mais de 300 termos definidos de forma clara e concisa. São Paulo: Vida, 2005.

COSTA, C. F. As emoções morais: a vergonha, a culpa, e as bases motivacionais do ser humano. Disponível em <http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/739/1/17391_Carla_Filomena_C_D_Costa_Monografia.pdf> 

GUILHARDI, H. J. Análise comportamental do sentimento de culpa. 2002. Disponível em: <http://www.itcrcampinas.com.br/pdf/helio/analise_comportamental_sentimento_culpa.PDF>

SANTOS, D. R. et al. Significado de culpa. Dicionário online de português. 2009. Disponível em: <http://www.dicio.com.br/culpa/> 
_______. Significado de vergonha. Dicionário online de português. 2009. Disponível em: <http://www.dicio.com.br/vergonha/>

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COMO CITAR ESTA POSTAGEM

FERREIRA, A. C. C. & PEREIRA, J. K. Operacionalizando culpa e vergonha. Curitiba, 29 ago. 2016. Disponível em: <http://psiqueempalavras.blogspot.com/2016/08/operacionalizando-culpa-e-vergonha.html>. Acesso em: (dia). (mês). (ano).

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