sábado, 27 de agosto de 2016

Breve contextualização histórica da Psicologia

Hoje é dia 27 de agosto de 2016, dia do Psicólogo. O primeiro dia do Psicólogo que estamos comemorando com o blog. Para demarcar essa data, trazemos um breve contexto histórico da Psicologia, de um trabalho que realizamos no 1º período do curso, para a matéria de Psicologia Ciência e Profissão. As referências utilizadas para a produção deste texto se encontram, como sempre, ao final dele, mas não nos parágrafos, por se tratar de um trabalho de primeiro período que ainda não sabíamos como fazer referências decentes (risos). 

Desejamos um feliz Dia do Psicólogo a todos os profissionais e graduandos da área!


BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA PSICOLOGIA

    A história da psicologia tem suas raízes no período clássico dos filósofos gregos que desenvolveram observações e conceitos acerca da conduta humana e, ao longo dos séculos, estes filósofos ofereceram numerosas e significativas contribuições ao campo da Psicologia e outras ciências em desenvolvimento. Os estudos da percepção haviam encontrado uma aplicação ampla, não apenas em quadros industriais e militares, como também em contextos sociais e clínicos. A “nova visão de percepção” da década de 1950 reavivou o interesse e aumentou consideravelmente com os experimentos e as aplicações do que eram antes, essencialmente, pesquisas básicas de laboratório, conduzidas por métodos psicofísicos, testes e análise de dados. As novas dimensões agregadas a estes estudos sobre as diferenças individuais foram as diversidades pessoais e sociais dos sujeitos, fossem estes humanos ou animais.
    Boa parte da atividade e pensamento de importantes nomes dessa época pode-se perceber em um exame realizado em uma revista que nasceu no começo do século XIX, chamado The Journal of Abnormal Psycology e, mais tarde, The Journal of Abnormal and Social Psychology, considerado uma das publicações que mais se destacou na época por acolher os costumes mais esclarecidos do então momento. Até 1913, ano em que se fundou a Psychoanalytic Review, foi o único jornal no qual se difundiram trabalhos psicoanalíticos. Fundada em 1906, com a expressa finalidade de servir a medicina e a psicologia, teve como diretor Morton Prince, mais tarde professor de psicologia na Universidade de Harvard e entre seus diretores associados contava com Hugo Münsterberg, James Putnam, August Hoch, Boris Sidis, Charles L. Dana e Adolf Meyer. 
    Isador Coriat, ao narrar suas reminiscências sobre os primórdios da psicanálise em Boston, atribui o interesse que lá existia por esta nova disciplina ao estímulo de William James. Foi Brill quem iniciou a prática psicanalítica em Nova Iorque em 1908, sendo o único psiquiatra nos Estados Unidos a utilizá-la. Ele, Putnam e Ernest Jones, então em Toronto, foram os pioneiros a conduzir um trabalho ativo utilizando métodos psicanalíticos na América do Norte. A primeira tradução inglesa de uma obra de Freud, A Histeria, apareceu, de acordo com Coriat em 1909. Neste mesmo ano, G. Stanley Hall, como presidente da Universidade Clark, convidou Freud e Jung para viajarem aos Estados Unidos para fazer uma palestra por ocasião do vigésimo aniversário da universidade. Em 1911 já existia interesse suficiente para que pudesse ser fundada a primeira associação psicanalítica, a Sociedade Psicanalítica de Nova Iorque. Estes fatos da história da psicologia clínica permitem a interpretação de que, na verdade, foram os psicólogos, em parte, não só os psiquiatras – como geralmente se supõe – que deram apoio inicial à psicanálise nos Estados Unidos.
    O processo de elaboração da síntese das raízes da Psicologia no Brasil não foi simples, assim como os psicólogos americanos que desenvolveram, principalmente a área clínica, diante das tensões provocadas pela Segunda Guerra Mundial, os brasileiros também foram aprendendo, moldando e utilizando o que tinham em mãos para o alcance de seus objetivos, fundando dessa forma uma profissão. O modelo médico não foi uma opção para o psicólogo brasileiro, mas sim uma herança. O desenvolvimento da psicologia no Brasil deu-se, possivelmente, aos primeiros ensaios de testes realizados pelo pediatra Fernandes Figueira, por volta de 1918. Da área da psiquiatria e da psicanálise vieram ainda contribuições diretas para a utilização de instrumentos para a psicologia clínica, tais como os estudos sobre Rorschach, realizados por Leme Lopes, Alcyon Bahia, Anibal Silveira e Luis Cerqueira.
    O estudo mais completo sobre a evolução da psicologia brasileira, em um sentido amplo, foi realizado por Lourenço Filho e se refere ao século XIX, mencionando trabalhos publicados na época, inseridos ainda no campo da filosofia e ligados à escola francesa. Tanto no trabalho de Lourenço como no de Lucena, estes dão o impulso às iniciativas de Ulysses Pernambuco e de Helena Antipoff, respectivamente em Recife e Belo Horizonte. Ambos estavam voltados para a criança e a educação da criança abandonada, deficiente mental ou delinquente. É importante destacar a posição clínica que introduziram na época, que contrastava com a preocupação predominante de psicometria. O primeiro campo de experiência de muitos que se dedicaram posteriormente à Psicologia Clínica foi o dos serviços primordialmente voltados para o escolar, como o Instituto de Pesquisas Educacionais, no Rio de Janeiro, e o de Higiene Mental Escolar, de São Paulo.
    A Psicologia possui diversas ramificações, dentre suas principais vertentes, encontram-se a Psicanálise, o Behaviorismo e a Humanista, todos os estudos e pesquisas feitos em determinada área do saber mostram-se de grande importância em sua contribuição para as áreas seguintes ou novas derivações que surgem com o passar dos tempos e que vão possibilitando novas descobertas. As escolas da Psicologia possuem métodos diferentes, porém têm um mesmo objetivo, que é o de compreender o ser humano e suas relações com o seu meio. Há muitas disputas desnecessárias entre ramos da Psicologia, pois utilizam métodos e teorias que não se assemelham entre si e seu foco, que deveria ser o sujeito, acaba se perdendo dentro de tais discussões. É preciso reaver o verdadeiro intuito da Psicologia, que é o de promover o bem-estar e a melhor qualidade de vida humana. Cada um irá, por si, decidir a sua abordagem e ponderar se esta lhe será útil ou não em sua trajetória de trabalho, porém, não se deve nunca menosprezar as demais áreas do conhecimento. Considerando que a psicologia é uma ciência, o psicólogo deve aceitar que sempre há coisas novas a serem descobertas no campo da pesquisa e do saber epistemológico, que podem contribuir para os trabalhos já realizados.

REFERÊNCIAS

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Como citar esta postagem:

FERREIRA, A. C. C. & PEREIRA, J. K. Breve contextualização histórica da psicologia. Disponível em: <http://psiqueempalavras.blogspot.com.br/2016/08/breve-contextualizacao-historica-da.html>. Acesso em: (dia). (mês). (ano).

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