domingo, 18 de março de 2018

Breves reflexões acerca do pensamento de Jean-Paul Sartre

Alessandra Ferreira


1. “A existência precede a essência”

O texto “O Existencialismo é um Humanismo” foi escrito por Sartre para explicar o existencialismo. Nele, Sartre afirma que “a existência precede a essência”, querendo dizer com isso que o homem primeiramente existe, se descobre e surge no mundo e só depois ele se define. 
O homem, tal como o concebe o existencialismo, se não é definível, é porque primeiramente não é nada, só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há natureza humana, visto que não há Deus para concebê-la. 
Em sua obra, ele não deu uma importância excessiva ao problema religioso, pois não estava preocupado em discutir sobre a existência ou não existência de Deus. Nada, nem mesmo Deus, pode justificar o homem ou retirá-lo de sua liberdade total e absoluta ou ainda salvá-lo de si mesmo. 
O homem, portanto, não é mais do que o que ele faz. O homem é como ele quer que seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência. Não há uma essência igual em todas as pessoas, uma natureza humana, portanto não há uma lista de regras estabelecidas antes do ser humano existir. Logo, ele precisa criá-las por si mesmo. Não poderia existir nada “a priori” para Sartre.
Deve-se compreender que Sartre não aplica este princípio do existencialismo universalmente, mas apenas para a humanidade. Sartre argumentava que havia, essencialmente, dois tipos de ser. 
O primeiro sendo o “ser-em-si” (l’en-soi), que é caracterizado como preciso, completo e não tem razão alguma para sua existência, ele simplesmente é; o segundo é o “ser-para-si” (pour soi-le), que é a consciência do ego.

2. “O homem é condenado a ser livre”

Para Sartre, o fato de não haver uma essência anterior à existência força os homens a serem livres: eles precisam inventar regras, valores, improvisar. Portanto, só o fato de alguém existir traz, obrigatoriamente, o fato de ele ser livre. 
A existência condena os homens à liberdade. Devido à falta de valores predeterminados, estão todos sós e sem desculpas. Por isso, ninguém pode se eximir da responsabilidade por seus atos e suas consequências. Cada um escolhe por si mesmo, através de seu próprio julgamento, baseando sua decisão no que achar conveniente. Todo homem é responsável por escolher para si e, com isso, para toda a humanidade, o que causa muita angústia. Ele não pode escapar do compromisso de escolher e se ele não escolhe nada, escolhe não escolher. 
O ser humano tem compromisso com seu futuro, com as outras pessoas, consigo mesmo. Sartre defendia que o existencialismo é uma doutrina da ação e que ninguém deve se ausentar de nenhum compromisso ou utilizar-se de desculpas, pois cabe a cada um traçar seu próprio destino.


REFERÊNCIA

SARTRE, J-P. O existencialismo é um humanismo. Les Éditions Nagel: Paris, 1970.

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COMO CITAR ESTA POSTAGEM

FERREIRA, A. C. C. Breves reflexões acerca do pensamento Jean-Paul Sartre. Curitiba, 18 Mar 2018. Disponível em: <https://psiqueempalavras.blogspot.com/2018/03/breves-reflexoes-acerca-do-pensamento.html>

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